terça-feira, 7 de julho de 2009

UM ENSAIO ACERCA DA CIÊNCIA DO FUTURO.


Filosofia da Ciência Espírita – I – A Religião.

O Espiritismo é considerado por alguns, como mais uma filosofia espiritualista. Outros já o enquadram como uma Ciência rigorosa, empírica, não apresentando nenhum compromisso com princípios metafísicos. Outras correntes admitem um caráter eminentemente religioso e moral, sem reflexões filosóficas ou teorias científicas. Finalmente, há aqueles que o classificam como mais uma técnica de cura ou terapêutica de medicina alternativa.
O que é realmente o Espiritismo? Mas o que significa cada um desses termos e quais são as implicações desse entendimento? Vale a pena pensarmos nisso? Sabemos que sim, para descobrirmos os objetivos e o método em que se formou a Doutrina Espírita. E, para compreendermos melhor, estudaremos esses três conceitos.
Na verdade, desde a pré-história humana, quando o homem ainda não desenvolvera a escrita, percebemos a busca incessante da felicidade. E, para chegar à felicidade, as experiências terrenas sempre levam a um questionamento sobre a realidade e as causas dos fenômenos que nos envolvem.
Entretanto, segundo Allan Kardec, "sendo o progresso uma condição da natureza humana, ninguém tem o poder de se opor a ele. É uma força viva que as más leis podem retardar, mas não asfixiar."Vemos o ser primitivo inteiramente preocupado com a satisfação de seus interesses materiais. Nada podendo ainda conceber fora do mundo visível e tangível, imagina toda a realidade constituindo-se dos seres e das coisas com que se deparam. Mais tarde, torna-se necessário, para entender a si próprio, a compreensão do abstrato, para então, aos poucos, adentrar na essência espiritual da vida: a Verdade Real.

Nesse sentido, diversas formas (métodos) de obter o conhecimento da Verdade a respeito de numerosos assuntos (objetos) foram construídos pela sociedade, em todos os períodos da Humanidade. Não é necessário se estender e definir cada método, mas os estudiosos do saber humano classificam o Conhecimento em dois grande grupos: o não-racional e o racional. Toda obtenção passiva, exterior, sem análise, pertence ao primeiro grupo: as diferentes superstições, as ideologias e, como veremos a seguir, as religiões. Por outro lado, todo conhecimento elaborado, refletido, pertence ao segundo grupo: a Filosofia e a Ciência.
A primeira grande organização do saber foram as religiões. Sabemos que os objetos (os assuntos) principais de qualquer religião são a Existência de Deus e a Imortalidade da Alma. Derivada do verbo latino "religare", a religião representa um laço de união entre a criatura e o Criador. Por que, então, é classificada, de um modo geral, como uma forma não-racional do saber, até mesmo como uma superstição melhorada? Porque a esmagadora maioria desenvolve-se segundo o método da Revelação.
Revelar, do latim "revelare", cuja raiz é "velum", véu, significa literalmente "sair de sob o véu", figuradamente, descobrir, fazer conhecer uma coisa secreta ou desconhecida. No sentido especial da fé religiosa, a revelação é sempre feita a homens privilegiados, designados como profetas ou messias, isto é, enviados, missionários, incumbidos de transmiti-la aos homens. Considerada sob esse ponto de vista, a revelação implica passividade absoluta; é aceita sem controle, sem exame, sem discussão. A submissão faz aceitar "de fora para dentro".

A religião em sua estrutura passiva, não permite que a população pense, conheça ou saiba usar os fenômenos para uma amplitude que nos contemple um avanço intelecto-moral.Nesse enfoque, os conceitos devem, então, ser intocáveis, como dogmas. Daí a necessidade de surgirem outros métodos para atingir a Verdade. Emergiram pensadores desafiadores da religião, não por rejeitarem alguns de seus conceitos, mas para produzirem o próprio conhecimento, mesmo errando, porém, com a possibilidade de discutir e usufruir o direito da Liberdade.
Na análise da construção do conhecimento,a primeira grande busca do ser humano foi em torno do sobrenatural,com conotações não-racionais,desenvolvendo as religiões,que,de modo geral,eram atreladas ao Estado,não permitindo ao indivíduo pensar livremente.
Indubitávelmente,o tríplice aspecto da Doutrina Espírita é: CIÊNCIA E FILOSOFIA,de CONSEQUÊNCIAS MORAIS.O termo "Religião" invalidaria o aspecto científico-filosófico.


A Doutrina Espírita não está associada à nenhuma seita(Cristianismo)que apresenta um contexto de princípios particulares e nem acomodativa, com uma proposta religiosa de inserção de conteúdos que não permitem que o Espírito avance intelecto-moralmente.
O termo Religião destoa frontalmente do aspecto Científico-filosófico,de consequências morais da Doutrina Espírita.
O Espiritismo é uma Ciência experimental;ele não foi constituído sobre idéias preconcebidas;não é obra de um homem nem de uma seita e sim,um produto direto da observação.
A certeza da imortalidade do ser pensante surge radiante do estudo dos fatos.Está provado que o "eu" consciente sobrevive à morte,que aquilo que constitui verdadeiramente o homem não é atingido pela desagregação do corpo e que,na vida de além-túmulo,a individualidade humana persiste em sua integralidade.
É esse "eu" consciente que adquire,por sua vontade,todas as virtudes e todas as ciências que lhe são indispensáveis para se elevar na escala dos seres.A Criação não está limitada à fraca parte que os nossos instrumentos nos permitem descobrir;como habitantes exclusivos deste pequeno globo,o Espiritismo demonstra que somos "cidadãos do Universo".
Vamos do simples ao composto.Partindo do estado mais rudimentário,aos poucos nos elevamos à dignidade de seres responsáveis;cada conhecimento novo que, em nós, se fixa,permitem-nos entrever horizontes mais vastos e gozar de uma felicidade mais perfeita.Longe de colocarmos o nosso ideal na ociosidade beata e eterna,acreditamos que a suprema felicidade consiste na atividade incessante do Espírito,na ciência cada vez maior e no amor que desenvolvemos por nossos irmãos,à medida que avançamos no árduo caminho do progresso.
Compreende-se que essas idéias nos obriguem a admitir a pluralidade das existências e a negação completa de um paraíso circunscrito ou de um inferno qualquer.

Quando se pensa na possibilidade de se viver grande número de vezes na Terra,com corpos humanos diferentes,essa idéia,a princípio,parece absurda;mas quando se reflete na soma enorme de conquistas intelectuais que devem possuir os povos civilizados,na distância que separa o selvagem e o homem instruído,na lentidão com que se adquire um hábito,vê-se desenhar a evolução dos seres e concebem-se as vidas múltiplas e sucessivas,como uma necessidade absoluta que se impõe ao Espírito,tanto para adquirir a sabedoria como para a correção de suas imperfeições, exercitadas anteriormente.A vida da alma,encarada sob este ponto de vista,demonstra que o mal não existe ou,antes,que ele é criado por nós e é resultante da nossa ignorância.
Existem leis eternas que não devemos transgredir;mas,se não nos conformamos com elas,temos eternamente a faculdade de repararmos,por novos aprendizados e esforços,as nossas imperfeições.É por provas inumeráveis que todos nós devemos passar,que chegaremos à felicidade,apanágio de todos os seres viventes.

A Filosofia Espírita alenta o coração;considera os infelizes,os deserdados deste mundo,como irmãos a quem devemos apoiar.É colocando-nos neste ponto de vista,que afirmamos ser uma simples questão de tempo,a distância que o selvagem mais embrutecido e o homem de gênio de um país civilizado.No domínio Moral,dá-se ainda o mesmo fato: perversos como Nero e Calígula,podem e devem,no futuro,elevarem-se espiritualmente,ininterruptamente,a luminosos destinos,que se perdem ao infinito.
O egoísmo é inteiramente destruído pelo Espiritismo.Esta Doutrina proclama que ninguém pode ser feliz se não amar seus irmãos e se os ajudar a progredirem moral e intelectualmente.Na lenta evolução das existências,podemos ser,por diversas vezes e reciprocamente,pai,mãe,esposo,filhos,irmãos,etc.Os efeitos diferentes que essas posições diversas fazem nascer,cimentam nos corações,laços poderosos de amor.
É pelo auxílio mutuamente prestado,que podemos adquirir as virtudes necessárias ao nosso adiantamento espiritual.
Nenhuma filosofia se elevou ainda a tão grandiosa concepção da vida universal,nenhuma nos ofereceu ainda Moral tão pura! Por isso,a Doutrina Espírita se apresenta ao mundo,apoiada nas bases inabaláveis da certeza científica.


O Espiritismo é uma Ciência progressiva,baseia-se no Ensino dos Espíritos e na análise minuciosa dos fatos.Não tem dogmas nem conteúdos doutrinários cuja discussão seja interdita;além da comunicação entre os vivos e os mortos e do príncipio da reencarnação,que estão absolutamente demonstrados,a Doutrina admite todas as teorias racionais que se referem à origem e ao futuro da alma.Em uma palavra,existe um critério metodológico de aferição:"CUEE"(Controle Universal do Ensino dos Espíritos)que nos permitem acompanhar os avanços de vários campos do saber humano.Ensejando-nos uma superioridade incontestável sobre as outras filosofias,cujos adeptos se conservam encerrados em estreitas malhas.


Analisemos sob o prisma da Filosofia Espírita,o termo "Evangelizar".
Seu contexto tem uma significação pedagógica e uma aplicabilidade, que resultem em nossa melhoria moral e,certamente,como suporte, em nossa Reforma Íntima?

Em minha opinião pessoal,percebo que "Evangelizar" se tornou uma mera repetição das Escrituras:apenas nos "instrui" em conteúdos que nos exercitam numa memorização de certas passagens da vida de Jesus e, no que ele propagou como sendo verdades espirituais da Lei de Deus.Os Evangelizadores nos apresentam um contexto que deveria ser moralizante,em forma de expressões que devem pairar em nossas mentes,como sendo de autoria do Mestre Jesus e, por isso mesmo,veneradas, se traduzindo numa deificação de um simples mensageiro, do que, propriamente,uma proposta pedagógica de se estudar e praticar a Lei de de Deus,através do Ensino Moral.

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